Um amigo acabou de investir num equipamento destes para
tentar minimizar o seu, nosso, problema do desenvolvimento de vida no casco da
embarcação.
Fora a informação que se encontra disponível nos sítios dos
fabricantes destes equipamentos, naturalmente abonatória, não consegui
encontrar nada mais que falasse sobre esta solução de uma forma independente.
Acabei, finalmente por encontrar a tão desejada informação
num artigos de uma revista francesa da especialidade e que procuro espelhar nas
linhas que se seguem.
Para termos uma ideia do que se está a falar este tipo de
equipamento é baseado numa instalação electrónica composta por uma caixa de
comando e controlo e um ou mais emissores, em função do tamanho da embarcação,
colados pelo interior do casco e que transmitem uma série de ondas sonoras de
alta frequência em baixa potencia.
Estas ondas criam uma parede de moléculas de água que se
movimentam como um todo na superfície exterior e submersa do casco. Este micro
movimento gerado impede algas e crustáceos de se agarrem ao casco.
Para garantir a eficácia deste equipamento ele deve estar
ligado 24/24 horas, 12, 24 e 220 V. Nas versões duo, com 220 V permite estar
ligado á tomada de força da marina. Tem um consumo de cerca 4,8 w, um pouco
elevado!
Como se pode verificar nos sítios dos fabricantes abaixo
indicados, a aplicação e montagem destes equipamentos é bastante simples, não
havendo a necessidade de grandes intervenções, escolher um lugar seguro e seco
para a central de controlo, resolver a questão da alimentação, passagem de
cabos e aplicação dos emissores, colados ao casco no seu interior.
Deve-se ter atenção ás instruções do fabricante no que
concerne o local correto a aplicar o(s) emissor(es). Uma vez aplicados, dificilmente
se podem mudar, pois a colagem é definitiva com colas de epoxy bicompostas.
Só depois de montado e a funcionar teremos a garantia de que
foi bem montado e de que todo o casco se encontra protegido, como por exemplo
hélice, leme e parte ou todo o patilhão.
A montagem deste equipamento não abdica das saída do barco a
seco para manutenção, ânodos, sensores electrónica, hélice, etc. No entanto,
algumas delas podem ser feitas rapidamente com o barco pendurado nas cintas de
travel lift, ficando sempre mais barata esta operação de movimentação.
Uma vez montado, é um equipamento que tem uma manutenção
quase nula e que é para a vida. Prever sempre o consumo elevado do equipamento
e ter atenção ás baterias. Uma sugestão pode passar por um painel solar para
alimentar o equipamento.
Quando se fala em ultrassons fala-se em ruído. Pode-se ouvir
um pequeno barulho, como um toc no casco, todos os dez segundos. Durante o dia
não se sente, apenas encostando o ouvido ao casco, mas durante a noite poderá
ser mais audível.
Os preços dos equipamentos cujos os links dos respectivos
fabricantes se encontram abaixo, para um sistema duo (12/220 v) com dois
emissores, barcos acima dos 11 m, custam cerca de € 2.260 para o Harsonic e €
1.730 para o Ultrasonic.
Quanto ás conclusões dos testes efectuados acabaram por não
ser muito satisfatórios, mas ao mesmo tempo pouco claros...
O equipamento foi aplicado num Bavaria 32 que não era
retirado da água á cerca de um ano. O casco encontrava-se na sua totalidade
sujo com algas e incrustações de moluscos.
Uma semana depois da instalação do equipamento, retirou-se o
barco da água.
As algas e incrustações continuavam no seu lugar, no
entanto, um simples jato de alta pressão foi suficiente para por o casco
completamente limpo em meia hora e sem forçar.
Claramente a vida submarina não aprecia os ultrassons!
Uma outra montagem num Elan 450 que navegou muitas milhas
com o equipamento instalado, um único emissor, mostrou-se manifestamente
insuficiente. Um terço da proa da embarcação, que não ficou bem protegida,
ganhou vida. Um segundo emissor foi montado na proa e a questão ficou
resolvida, apresentado apenas a formação de uma pequena película de algas que
facilmente saem com a passagem de uma esponja, mergulhando. De salientar que o
Elan é uma embarcação com duplo leme suspenso e que estes não ficaram
protegidos. Acredita-se que tal tenha origem nas ligações dos lemes ao casco com
Teflon que os isolou do resto do casco impedindo assim a propagação dos
ultrassons. No entanto, o hélice e o respectivo veio, esses também isolados com
uma junta, não apresentam qualquer vida.
A propagação das ondas ultrassons deste sistema fica um
mistério e fica difícil quantificar a eficiência do sistema.
Vamos tentar seguir, ao longo do tempo, o que se passa com o
que foi montado neste Bavaria 42.
Com a facilidade com que saem as cracas poderemos sempre
seguir o concelho da Chica da Terceira, Açores, e fazer um petisco de
cracas....
Como ela diz
Uma “craca” pode ter
vários bicos.
As cracas, nascem em
rochas e também se agarram aos cascos dos navios.
Mas estas foram
apanhadas nas rochas.
Cozem-se com água do
mar, deixam-se arrefecer e para a maioria dos açorianos é o melhor marisco.
Sem comentários:
Enviar um comentário